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Sem ônibus, essa cidade certamente, seria impraticável: parada, poluída, improdutiva, com baixa qualidade de vida, com altíssimos custos públicos com infraestrutura e com acidentes de trânsito

Em artigo publicado na edição 33 da Revista NTUrbano, o conselheiro da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e presidente Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira nos convida a fazer uma reflexão sobre como seria as cidades se não houvesse o transporte público por ônibus.

Para ele, sem dúvida seria um caos, já que as vias ficariam intransitáveis devido ao número elevado de carros. Para isso, ele traz números. O ônibus é a primeira opção de transporte de 74% dos fortalezenses. Imagine essa massa migrando para automóveis! Se o trânsito atual é pesado, multiplique o volume pelo menos por três!

Trazendo os dados para a região metropolitana de Vitória, com base nos dados divulgados pelo IBGE em julho de 2017, cerca de 35,3% dos moradores das cidades atendidas pelo Sistema Transcol andam de ônibus diariamente, o que corresponde a 600 mil passageiros por dia.

Ônibus x Carro

Para ele, a célebre foto de um ônibus substituído por duas quadras abarrotadas de carros diz tudo. Uma cidade sem ônibus seria impraticável: cidade parada, poluída, improdutiva, baixa qualidade de vida, altíssimos custos públicos com infraestrutura e acidentes de trânsito.

“Mesmo quem não anda de ônibus depende deles! Não há recursos nem espaço suficiente para mover a maioria individualmente, nem com um viaduto a cada esquina. Quem opta pelo coletivo contribui com a cidade e quem opta pelo individual atrapalha. Esta é a realidade!”.

Dimas lembra que em todos os países desenvolvidos, o passageiro só paga por uma parte dos custos do transporte, normalmente menos da metade! “Aqui o passageiro pagante arca com todo o custeio e, pasmem, mais impostos e gratuidades. Essa carga encarece a passagem e torna o transporte individual competitivo”, ressalta.

O executivo lembra que, por ser um serviço público, um direito social, esse modal deveria ser estimulado, custeado pelo poder público e por quem onera a cidade com o transporte individual. “Ao contrário disso, acreditamos em coisas grátis e isso está condenando o sistema de transporte ao colapso, colocando todo o organismo urbano na iminência de um enfarte!”, lamenta.

Aplicativos

O motivo é que serviços de transporte individual por meio de aplicativos, como o conhecido Uber, se aproveitam desse terreno fértil, já que eles não têm embutido nos seus custos tributos, universalidade de acesso nem gratuidades.

“É importante reconhecer que prestam um serviço ponto a ponto e isso tem muito valor em tempos de insegurança. No entanto, o que é mais valor para o individual cobra seu preço da coletividade. Quando a cidade entope, é ruim para todos! Mas, enquanto isso não acontece, a oportunidade de se deslocar individualmente continua atraente”, lembra.

Além disso, Dimas destaca que, por se tratar de um sistema de transporte público integrado de tarifa única, os deslocamentos têm um único preço médio, mesmo que cruze a cidade inteira, o que contribui para que a conta não feche.

“Essa é uma política de transporte com um viés social interessante, pois ajuda a baratear a passagem de quem mora na periferia. Mas, para se sustentar, depende dos deslocamentos de curta distância. E é justamente esse o passageiro que o nosso sistema perde sistematicamente para os aplicativos: o pagante e de curta distância, que sustentava a equação”, salienta.

O especialista finaliza com uma previsão não muito animadora. Ele projeta que tal tendência, o coletivo só transportará os passageiros da periferia e das gratuidades, levando a passagem a valores impagáveis e condenando o transporte coletivo à morte, travando toda a cidade.

“Urge a criação de um sistema de custeio para baratear as passagens! Repito: mesmo que você não utilize ônibus, depende dele para que sua cidade seja habitável!”.

Fonte: Revista NTUrbano Ed. 33

Foto: Designed by Welcomia
Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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