Setor propõe tratamento diferenciado na política de preços do diesel para evitar reajuste nas passagens. Aumento superou 25% em 45 dias
Com reajuste médio de 11% de janeiro a maio deste ano, o preço do diesel já causou um prejuízo de R$ 1 bilhão de reais para o setor de transporte público (ônibus urbano), e pode levar a aumentos emergenciais de passagens.
Esse é o alerta feito pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Preocupada com os sucessivos aumentos do diesel, onze vezes acima da inflação do período, a NTU já solicitou audiência na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda para tratar do assunto.
Dificuldade em adquirir combustível
De acordo com a NTU, todas as empresas estão com dificuldade de comprar o combustível. “Somos um setor regulado, com reajustes anuais nos contratos, e agora, temos que arcar com os custos desses aumentos, que têm sido diários”, esclarece Otávio Cunha, presidente executivo da NTU.
O diesel tem impacto de 23% nos custos do setor. Na audiência com o governo, a NTU vai propor que o setor tenha um tratamento diferenciado na política de preços de reajustes de combustíveis para evitar aumento nas passagens, que considera o caminho menos indicado para solucionar o impasse.
Em 45 dias, aumento de mais de 25%no combustível
Segundo dados da Petrobras, nos últimos 45 dias, de 4 de abril a 18 de maio, houve aumento de 25,42% do diesel nas refinarias. “Esse índice indica que os preços estão represados e em breve serão repassados ao consumidor”, esclarece, prevendo novos aumentos.
Cunha também questiona a política de preços para o transporte público, que presta serviço de natureza essencial. “As empresas não têm como arcar com esses custos, diante do cenário de crise que país enfrenta e do alto índice de endividamento do setor de ônibus urbano. Pesquisa realizada com as empresas de ônibus urbano, revela que 33% das 1.800 empresas do setor estão endividadas”.
O Valor Econômico entrevistou Otávio Cunha sobre o assunto. Ao jornal, o presidente da NTU afirma que a associação pretende retomar a discussão sobre algumas soluções indicadas pela equipe econômica do governo no auge das manifestações de 2013 contra o aumento das passagens. Leia aqui!