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Para enfrentar os desafios do transporte público

Pessoas esperam para embarcar em transporte público por ônibus em Brasília

Passageiros aguardam momento de subir me ônibus coletivo

Grupo estratégico da NTU identifica principais entraves que impedem a evolução do setor e busca atuação integrada para tirar empresas da crise e melhorar o transporte público coletivo no Brasil
Não é de hoje que o setor de transporte público coletivo está passando por uma situação difícil. Na verdade, o que as empresas que operam os sistemas em todo o Brasil vive uma crise estrutural que abrange diversas questões que, se não forem enfrentadas, inviabilizarão o principal meio de locomoção da população brasileira.
O incentivo à aquisição de automóveis e a falta de priorização do transporte público aumentaram os congestionamentos na mesma medida em que elevaram a tarifa e reduziram a qualidade do serviço. A partir daí, foi crescente a queda da demanda, que já despencou 44% nas duas últimas décadas, segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Somente no período de 2013 a 2017, a perda foi de 25%.
Em 2013, quando as manifestações populares contra o aumento das passagens ocuparam as ruas, as atenções se voltaram para o tema. Um Pacto Nacional pela Mobilidade Urbana, a ser construído pela sociedade, pelo governo federal, por governadores e prefeitos, chegou a ser anunciado, mas não saiu do papel. No ano seguinte, na esperança de trazer o tema para o debate eleitoral, a NTU apresentou uma carta aberta aos principais candidatos à presidência da República, com sete propostas para a mobilidade urbana, sem resultados práticos. “O assunto ficou fora da pauta dos debates na última eleição. Foi pouco falado e não constava nos programas de governo, sinalizando que mobilidade urbana não era objeto de preocupação”, lamenta o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
E, apesar de o transporte público ter se tornado um direito social em setembro de 2015, com a aprovação de uma emenda constitucional, a frustração prosseguiu até chegar à pior crise que o setor já enfrentou, com um terço das empresas endividadas e várias até mesmo fechando as portas, além de usuários sendo obrigados a trocar o ônibus pelo deslocamento a pé. Tal cenário poderia provocar desespero e desânimo. No entanto, inspirou reação.
Em setembro de 2017, a NTU convocou um grupo formado por conselheiros e membros da entidade, empresários, representantes de associações de empresas de transporte e de sindicatos, bem como instituições ligadas aos serviços de transportes urbanos. O objetivo? Desenvolver um trabalho estratégico de longo prazo para superar as dificuldades e melhorar o sistema de transporte público em todo o Brasil, com base em um diagnóstico completo dos problemas do setor e na adoção de ações concretas em várias frentes. “Estamos vivendo uma crise sem precedentes, precisávamos fazer mais. Formamos um grupo de trabalho heterogêneo, incluindo os interessados do setor e da área financeira, para trazer uma nova visão, até porque boa parte das soluções não está dentro das empresas, mas fora delas”, afirma Cunha.
Estudos Estratégicos
Desde que foi criado, o Grupo de Estudos Estratégicos (GEE) da NTU tem se reunido mensalmente. Ao longo de sete encontros discutiram-se os entraves do transporte público e da mobilidade urbana e realizou-se o mapeamento do que já foi feito, com avaliação do que funcionou e do que falhou. O diagnóstico setorial resultou em num plano de ação, englobando todos os pontos mais sensíveis e seus principais desafios e soluções.
O trabalho do GEE não é apenas mais uma iniciativa voltada para a análise do setor; o trabalho apresenta diferenciais, como a amplitude – em vez de examinar pontos a serem resolvidos, o grupo buscou as raízes e as relações entre os problemas, contemplando suas várias dimensões. Dessa forma, o trabalho prevê a elaboração de ações integradas e a abertura de portas para um maior diálogo com a sociedade, outras instituições e o poder público. Além disso, as reuniões têm sido um espaço de troca de experiências que estão ajudando na busca por modelos e ideias eficientes.
“As reuniões estão cada vez mais produtivas e as pessoas, mais alinhadas. Estou otimista”, anima-se o conselheiro fiscal da NTU no Espírito Santo e também membro do grupo estratégico, Murilo Andrade.
 
Principais desafios
No topo da lista dos desafios e entraves identificados pelo grupo está a falta de apoio da sociedade ao transporte público, fruto da imagem negativa do setor e do desconhecimento da população sobre as regras de concessão e operação do serviço, bem como do papel do poder público e das empresas operadoras. O passageiro também não conhece os custos envolvidos na operação, a remuneração das empresas e a maneira de calcular a tarifa. Do lado do setor, falta conhecimento a respeito dos usuários e suas expectativas.
A falta de fontes de custeio paralelo – além do pagamento de tarifas pelos passageiros, as gratuidades não remuneradas, a insegurança jurídica dos contratos e aplicativos de serviços sob demanda e de carona solidária são outros desafios que o setor enfrenta.
Leia a matéria completa na revista NTUrbano 33, disponível aqui.
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