Vírus causador da Covid-19 se alastra pelo Brasil causando impacto devastador no transporte público coletivo de passageiros
Quando 2020 começou, o setor de transporte público coletivo urbano não imaginava que a crise que já enfrenta há anos seria ainda mais agravada pelo surgimento da pandemia de coronavírus – que gera tantos prejuízos em todos os setores da economia e, pior, ceifa milhares de vidas no Brasil e no mundo. Desde que as medidas restritivas começaram nas primeiras cidades brasileiras e, gradativamente, foram se ampliando, as empresas operadoras do transporte coletivo se depararam com um desafio monumental: como seguir operando esse serviço essencial, de extrema importância para a mobilidade das pessoas – incluindo profissionais de outros serviços essenciais como saúde e segurança -, diante da abrupta queda da demanda, se é a tarifa paga pelo passageiro que basicamente financia o transporte coletivo?
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Ou seja, o transporte continuou sendo ofertado em volume acima do número de passageiros transportados, o que causou grave desequilíbrio financeiro. Estima-se que os prejuízos gerados chegaram a R$2,5 bilhões mensais em março, caindo ao longo de abril para R$ 1,2 bilhão/mês, segundo cálculos da Associação. Isso porque grande maioria das empresas conseguiu reduzir despesas de pessoal adotando as medidas estabelecidas pela Medida Provisória no 936/2020, aprovada no início de abril. Houve também a adequação parcial da oferta, realizada por poderes concedentes municipais e estaduais, e a volta gradativa das atividades econômicas, que gerou um tímido aumento da demanda. Apesar da redução das perdas, é ainda um prejuízo bilionário.
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Para o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, a redução de passageiros gera impacto devastador nas finanças do segmento. “O levantamento traz um recorte da pior crise econômica já enfrentada pelo setor e antecipa o cenário de colapso que se aproxima, conforme a situação das empresas agrava-se em cada município”, afirma. Diferentemente de outros países, onde o transporte público é amplamente subsidiado, no Brasil apenas 11 sistemas de transporte coletivo possuem algum tipo de subsídio público, em sua maioria para custear gratuidades de estudantes, idosos e pessoas com necessidades especiais.
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Os dados levantados pela NTU foram reunidos no relatório “Covid-19 e o Transporte Público por Ônibus: Impactos no Setor e Ações Realizadas”, disponível no site da Associação, que incluiu todas as 26 capitais, o Distrito Federal e 14 regiões metropolitanas, além de várias cidades de grande, médio e pequeno porte. Os municípios da amostra reúnem 148,3 milhões de habitantes, respondendo por 70% da população brasileira, e representam 9,6% dos 2.901 municípios que são atendidos por serviço organizado de transporte público por ônibus urbano. Em todo o país são 1.800 empresas que operam uma frota total de 107.000 veículos e geram cerca de 1,8 milhão de empregos diretos e indiretos.