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A falta de priorização do transporte coletivo e o incentivo ao transporte individual são alguns dos fatores que explicam a redução no número de passageiros nos ônibus nos últimos anos. Para reverter esse quadro, o Sistema Transcol investe em melhorias que vão desde a modernização da frota até a ampliação dos pontos de recarga do CartãoGV. Especialista alerta que as cidades precisam ser melhor planejadas para tornar o serviço mais efetivo

Nos últimos anos, o transporte coletivo mergulhou em uma crise jamais vista, com perda de desempenho, qualidade e atratividade ano após ano. A queda expressiva da demanda de passageiros transportados em âmbito nacional foi causada especialmente pela falta de priorização do transporte coletivo, incentivo à utilização do transporte individual e gestão ineficaz da operação do transporte.

É o que afirma Diego Buss, engenheiro civil, coordenador de Planejamento de Operações de Transporte da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) de Porto Alegre e integrante do Mova-se Fórum de Mobilidade, que é especialista no assunto. Ele falou sobre o assunto em um artigo publicano Revista NTUrbano, n° 54.

Na Grande Vitória a situação não é diferente, e se agravou com a chegada da Covid-19. Nos momentos mais críticos da pandemia, enquanto comércios, escolas e espaços públicos foram fechados, o Sistema Transcol continuou em operação, mesmo com a queda na demanda. Somado a isso, o Governo do Estado chegou a suspender a circulação dos ônibus, entre março e abril do ano passado, para evitar a interação entre as pessoas, como medida de prevenção ao coronavírus.

No entanto, diante da expansão da cobertura vacinal e do retorno à normalidade das atividades econômicas, o Sistema Transcol vem recuperando o número de passageiros nos últimos 12 meses, em cerca de 33%, nível pré-pandemia, segundo dados da Ceturb-ES. Mas a recuperação total do setor passa por diversos fatores, que vão além das consequências da pandemia.

Soluções para o transporte coletivo

Desde 2019, o GVBus vem desenvolvendo uma série de ações para modernizar o transporte público da Região Metropolitana da Grande Vitória. Entre as ações, destacam-se: a ampliação das formas de recarga, com a aquisição de créditos via aplicativos; atualizações do aplicativo ÔnibusGV, que traz a previsão de horários e itinerários dos coletivos; além da renovação da frota, com a entrega de 600 veículos 0km até o final de 2022, todos equipados com ar-condicionado, wi-fi, entretenimento a bordo e sistema InBus, único do país que mostra, via app, a lotação em tempo real dos veículos para que o passageiro possa escolher em qual ônibus vai embarcar. Dentre os veículos, quatro são elétricos e devem entrar em operação ainda este ano.

Apesar de todos os esforços realizados pelas empresas de transporte, de acordo com o especialista Diego Buss, é preciso trabalhar na raiz do problema, transformando viagens lentas, imprevisíveis, desconfortáveis e tortuosas em uma experiência agradável de deslocamento. E para que isso se concretize, é necessário atuar em seis frentes: preço da tarifa, frequência, rede de transporte, rapidez, conveniência e metodologia de planejamento do transporte.

Vejamos alguns desses pontos destacados por ele:

1 Frequência

Ao colocar um serviço de ônibus frequente, com horários que atendam de fato as necessidades de cada região, aumenta-se a demanda de passageiros. No Sistema Trasncol, a programação com o número de linhas e carros disponíveis por horário é feita pela Ceturb-ES, com base em estudos de demanda.

2 Rede de Transporte

Um sistema que não muda à medida que a cidade cresce e seu entorno se modifica não é capaz de sobreviver sem perder passageiros e espaço no mercado. Pensando nisso, o Sistema Transcol trabalha com a atualização constante na rede de transporte, visando cada vez mais a efetividade do serviço.

Um exemplo disso foi a expansão do Sistema Transcol ao município de Vitória, em maio do ano passado, quando as linhas alimentadoras começaram a operar nos bairros, em substituição aos Verdinhos. Com isso, os moradores da capital passaram a acessar as linhas troncais sem pagar uma nova tarifa e sem precisar ir a um terminal de integração. A conexão entre linhas se tornou possível graças ao CartãoGV, implantado em 2019.

Tal inovação possibilitou ainda a implantação do sistema de conexões temporais no município de Viana, de modo que os passageiros agora podem circular pelo município com dois embarques, sem a necessidade de passar por um terminal ou de pagar uma nova tarifa. O Viana+Conectada ao Transcol possui quase 200 possibilidades de conexões.

3 Rapidez

Uma pessoa dentro de um automóvel chega a consumir uma área 25 vezes maior que a consumida por quem está dentro de um ônibus. Os automóveis ocupam aproximadamente 60% do espaço viário para transportar 20% da demanda, quando não ficam apenas estacionados ocupando um rico espaço de solo que poderia ser melhor utilizado.

“Nos últimos 60 anos, planejadores urbanos e engenheiros deram total prioridade à construção de infraestrutura para automóveis particulares nas cidades brasileiras. No entanto, é preciso que o foco seja a priorização do transporte coletivo, projetar ruas que sejam capazes de mover o maior número de pessoas possível, não o maior número de carros, que favorecem os congestionamentos”, ressalta Diego.

4 Conveniência

O foco de qualquer serviço deve estar centrado na experiência e jornada do cliente. Por isso precisamos entregar uma experiência de transporte positiva desde o planejamento da viagem até o desembarque. Devemos melhorar o acesso ao serviço, aos meios de pagamentos, à qualidade da frota operante, à estrutura de paradas e terminais, ao atendimento dos motoristas, e introduzir diferenciais de serviços importantes como Wi-Fi e ar-condicionado.

No Sistema Transcol, além da modernização da frota operante, conforme foi citado acima, estamos trabalhando para ampliar os pontos de compra e recarga do CartãoGV. Ao todo, já contamos com mais de 220 locais de venda, além da possibilidade de recarga via aplicativos (Recarga Pay, Banestes, Pic Pay e Kim+). Acesse a lista completa de pontos no site do CartãoGV.

5 Metodologia de planejamento do transporte

As melhorias no transporte público coletivo passam por mudanças profundas no planejamento das nossas cidades. Em seu artigo “Como construir um novo transporte público”, Diego Buss apresenta duas abordagens utilizadas para planejar o transporte coletivo das cidades:

Planejamento de transporte de alto nível

» Visa atrair novos passageiros para o sistema;

» O serviço vai para onde você quer ir;

» A frequência é suficiente para que você não precise pensar sobre ela;

» O serviço é rápido e confiável;

» Você pode caminhar do serviço até o seu destino final;

» O serviço proporciona conforto e segurança; » O serviço é acessível.

 

Planejamento de um péssimo serviço

» Planejado para os passageiros cativos, que são aqueles que não têm carro e, portanto (de acordo com a definição) são cativos para o transporte;

» Longos intervalos entre as viagens;

» Viagens lentas, desconfortáveis e tortuosas;

» Cobertura da rede de transporte inadequada.

Sendo assim, para manter e atrair novos clientes para o transporte público, “é fundamental que as cidades brasileiras modifiquem a forma de planejar o serviço, priorizando o ônibus como um modal que atenda o cidadão com conforto, segurança e eficiência”, explica Diego.

Leia o artigo “Como construir um novo transporte público” na íntegra (Revista NTUrbano, n° 54, páginas 32-36).

Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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