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Transporte de passageiros por motocicleta cresce na mesma velocidade que as mortes e feridos em acidentes com motos. Ausência de regulação e oferta de serviços precários de baixo custo e altíssimo risco, no entanto, trazem riscos ao usuário. Solução passa pelo fortalecimento do transporte coletivo.

Na correria do dia a dia, em meio ao caos do trânsito nas cidades, o serviço de transporte com motos por aplicativos surge como uma alternativa para quem quer chegar mais rápido ao destino. 

Mas o que parece ser a solução acabou se tornando um problema, com impactos na mobilidade urbana e na saúde pública. É que por trás da narrativa de viagens baratas e livres de congestionamentos, há o aumento de acidentes, mortes e internações envolvendo motociclistas. 

O cenário é tão preocupante que levou a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) a abordar o tema na matéria de capa “Insegurança sobre duas rodas” da Revista NTUrbano, edição março/abril 2024

E a solução, afirmam especialistas, passa pelo fortalecimento do transporte público coletivo. Saiba por quê!

Aumento da demanda x Insegurança

Antes restrito a pequenas cidades ou regiões urbanas específicas, os mototáxis operavam como transporte pirata, sem qualquer fiscalização. 

Com a chegada das plataformas de transporte por aplicativo, a tendência é que o serviço de mototáxi se torne cada vez mais popular, considerando a demanda crescente diante do valor das viagens. 

A afirmação é do vice-presidente da Associação de Mototrabalhadores por Aplicativo e Autônomos do Espírito Santo, Erisvan Alonso de Oliveira, em entrevista ao jornal A Tribuna, de 28 de junho, edição que também trouxe o caso de Rafaela Florentino, de 24 anos, que ficou em coma após sofrer um acidente com moto por aplicativo na Serra

A jovem morreu no dia seguinte à publicação da matéria. Dois condutores envolvidos na batida ainda ficaram em estado grave, sendo que um deles teve as duas pernas amputadas. Testemunhas disseram que o capacete que Rafaela usava no momento do acidente estava com a fivela folgada.

Mais da metade dos acidentes com moto

As mortes em acidentes envolvendo motos, inclusive, quase que dobraram, aumentando de 16% do total (entre 2000 e 2009) para 30,2% (de 2010 a 2019), de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) citados na reportagem.

As motos, aliás, estão envolvidas em 54% de todos os acidentes registrados no Brasil, além de responderem por mais de quatro em cada dez mortes no trânsito.

Além disso, 44% de todas as mortes de trânsito entre brasileiros de 15 a 29 anos têm relação com motos, revela a edição de outubro de 2023 da Revista Fapesp, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também trazida pela reportagem.

Por outro lado, segundo pesquisas, os ônibus são mais seguro, se comparado a outros meios de transporte, como carro ou moto, que respondem pela maior parte dos acidentes de trânsito.

Transporte de passageiros por motocicleta cresce na mesma velocidade que as mortes e feridos em acidentes com motos. Ausência de regulação e oferta de serviços precários de baixo custo e altíssimo risco, no entanto, trazem riscos ao usuário. Solução passa pelo fortalecimento do transporte coletivo.

Gasto com acidentados é de R$ 1,9 bilhão

Outro dado que também chama a atenção na reportagem da NTU, é que, o Brasil vive a maior taxa de internação de motociclistas acidentados no Sistema Único de Saúde (SUS) e rede conveniada. 

Foram, ao todo, 1,2 milhão de internações por acidentes de moto registradas em 2023, segundo levantamento do Ministério da Saúde citado na matéria. 

Já os gastos com as internações no SUS chegam a R$ 1,9 bilhão, entre 2010 e 2019, aponta o Ipea. Ou seja, do total gasto com acidentados no trânsito em geral, 52,3% têm relação com motos.

Resumindo: quem paga um preço alto, no fim das contas, é a população, com mais mortes, hospitais públicos sobrecarregados, bilhões de gastos com acidentados e milhares de pessoas sequeladas devido aos acidentes.

 

Regulamentação é indispensável

“Moto não foi feita para servir como transporte público, não oferecendo as mínimas condições de segurança para os passageiros”, destaca a matéria da NTU. 

Ainda assim, mais da metade dos municípios brasileiros contam com mototáxis. Em muitas cidades, no entanto, o serviço não tem sequer regulação por parte do poder público municipal.

É o caso da Região Metropolitana da Grande Vitória, que conta com mais de 5 mil motoboys trabalhando em motos por app, segundo informou Erivan. No Brasil, havia 222 mil mototaxistas registrados em 2021, de acordo com o Ipea

E é entre a população com menos recursos ou que mora em regiões desestruturadas das cidades, principalmente, que o transporte remunerado por moto está cada vez mais popular.

“O mototáxi, do jeito como ele é pensado hoje, traz insegurança, tanto para quem dirige quanto para o passageiro. Muitas vezes o usuário vê essa insegurança e ignora porque não tem outra opção, seja por questões financeiras, seja porque o local onde mora não permite acesso a outro tipo de transporte. Só que às vezes também é algo que ele não percebe ou mesmo desconhece”, comentou na reportagem o head de Mobilidade Segura do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Pedro Borges.

Os especialistas no assunto são unânimes em afirmar que a solução para esse quadro passa pela regulamentação do serviço.

Prioridade deve ser o transporte coletivo

Mas é preciso ter em mente que a regulamentação deve vir acompanhada de investimentos no transporte público coletivo, para que o ônibus se torne mais eficiente e competitivo. 

O transporte individual, como carros e motos, é o grande responsável pela imobilidade urbana das cidades, enquanto os ônibus substituem 40 carros nas ruas, ocupando um espaço 21 vezes menor nas vias. 

E quando se fala em moto por aplicativo, há, ainda, a incerteza da prestação do serviço. No transporte coletivo, o usuário tem sempre a garantia de que a corrida está confirmada, independentemente do trajeto ou horário.

“Mototáxis podem ser úteis em contextos em que as vias são muito estreitas para veículos maiores, como em algumas comunidades urbanas. Mas só fazem sentido se funcionarem como serviços complementares, integrados aos sistemas de transporte como alimentadores das linhas de ônibus, trens e metrôs. E desde que sejam conduzidos por motociclistas devidamente habilitados e treinados para prestar esse tipo de atendimento”, alerta a reportagem da NTU.

No Sistema Transcol, os ônibus passam por manutenção constante e também contam com monitoração, que permite às empresas, assim como a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), acompanhar toda a viagem. Assim, o passageiro tem a confiança de ser transportado com responsabilidade, de forma segura, por profissionais treinados. 

Do mesmo modo, as empresas operadoras do Transcol precisam cumprir uma série de obrigações legais, como folha de pagamentos e gratuidades para idosos e estudantes, por exemplo, além de cumprir horários e rotas. Sem contar os milhares de empregos gerados, todos com carteira assinada.
Assim, é indispensável que as cidades priorizem o transporte público coletivo, com faixas exclusivas para ônibus, integração entre linhas, ampliação e modernização da frota, tal como já acontece com o Sistema Transcol, permitindo que o ônibus opere com uma velocidade operacional muito maior, escapando dos congestionamentos e atendendo com cada vez mais eficiência o passageiro. 
Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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