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Para Rodrigo Mata Tortoriello, secretário de transporte e trânsito da prefeitura de Juiz de Fora, buscar alternativas de financiamento é a solução

O financiamento do transporte coletivo vira e mexe é tema no nosso site e nas nossas redes sociais. E não é à toa. Hoje, na maioria das cidades e das regiões metropolitanas do país, a tarifa do transporte coletivo é bancada pelos próprios usuários, ou seja, todo o custo do sistema é repassado para os passageiros.

São poucos os sistemas que contam com subsídio governamental, seja do município ou do estado – como acontece aqui na Região Metropolitana de Vitória, onde o governo estadual repassa um valor para as empresas operadoras com base no quantitativo de usuários.

Por essas e outras razões, o financiamento continua sendo o grande desafio do transporte público. É o que acredita o Secretário de Transporte e Trânsito da Prefeitura de Juiz de Fora e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana, Rodrigo Mata Tortoriello.

Em entrevista à revista NTUrbano, ele defendeu que os gestores públicos, junto com as empresas, e encabeçados pelo Governo Federal, busquem outras formas de financiar o transporte coletivo, para que a conta não seja paga apenas pelos passageiros.

Na visão dele, o principal gargalo para a mobilidade urbana está na falta de priorização do transporte coletivo.

“O principal gargalo que a gente teve ao longo desses anos, ainda que iniciativas fossem apontadas como solução para o transporte coletivo – seja ele por ônibus, sob trilhos, com os grandes projetos pelo PAC – é que continuamos exonerando a cadeia produtiva do transporte individual. Então, o benefício que o automóvel individual tinha, continua tendo e segue muito maior. Em comparação, existem mais linhas de financiamento (para o transporte individual) do que, por exemplo, para comprar um ônibus elétrico, que é um produto de tecnologia limpa, que transporta muita gente, ocupa menos espaço na via e é ecologicamente correto”, explica.

Financiamento

Para ele, no Brasil incentiva-se o transporte individual por moto e automóvel em detrimento do transporte coletivo. “As mudanças não aconteceram, ainda que tenha havido ações pontuais de investimentos nos meios públicos de transporte… O que precisamos é entrar na discussão sobre como financiar o transporte público para que ele não dependa exclusivamente da receita tarifária. Esse vai ser o grande desafio que a gente vai travar nos próximos anos”, ressalta.

Rodrigo defende a discussão sobre esse atual modelo, para que as cidades pensem em uma forma de o automóvel privado financiar o transporte coletivo. Porque, na visão dele, só assim será possível fazer com que as pessoas tenham um transporte de maior qualidade.

“Precisamos melhorar a qualidade do transporte, isso é fato. Mas a gente também precisa fazer o transporte público coletivo ser atrativo do ponto de vista financeiro para o cidadão. Hoje a tarifa é cara para quem paga e em muitos dos casos ela não cobre os custos operacionais que as empresas têm que alcançar. Então, como é que vamos sair desse ciclo perverso em que estamos?”, argumenta.

Aplicativos

Com experiência privada e pública no setor de transporte urbano e mobilidade, Rodrigo alerta também para a regulamentação dos transportes por aplicativo, que podem minar ainda mais as fontes de recursos do setor, já que muitos passageiros estão migrando para esse serviço.

“Reduzimos o número de passageiros do serviço de transporte e, como ele depende exclusivamente da tarifa, ela precisa aumentar porque tem menos gente para pagar pelo serviço. Por outro lado, se não há priorização do transporte coletivo nas cidades, o excesso de veículos fazendo transporte por aplicativos gera mais trânsito e vai exigir um aumento da frota de ônibus para fazer o mesmo serviço que era feito no passado, quando não existia aquela quantidade de veículos na rua. Então, esse efeito perverso de uma novidade tecnológica (que é importante e a gente tem que absorver e tratar) não está sendo medido. É esse o cuidado que o gestor público tem que ter, mostrar à sociedade que a tecnologia é boa, mas que a médio e longo prazo ela pode ser muito danosa”.

Leia a entrevista completa no site na NTU.

Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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