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Novos gestores públicos e empresas operadoras encaram o desafio de reerguer os sistemas de transporte público à beira do colapso, agravado pela pandemia, com um novo olhar sobre a mobilidade

Não há dúvidas de que nada será como antes no mundo pós-pandemia. E o transporte público não foge a essa regra. Como se dará esse “novo normal” ainda não está claro, mas medidas emergenciais e ações de longo prazo precisam sair do papel e ser colocadas em prática pelas autoridades.

Se o futuro parece incerto, o presente evidencia o que é necessário fazer. As expectativas recaem sobre os prefeitos eleitos ou reeleitos e respectivos gestores municipais de transporte, que iniciam em 2021 seus novos mandatos, recheados de velhos e novos desafios. Há questões urgentes, como a política tarifária a ser adotada num contexto de crise e perda de demanda, ou questões sanitárias que impactam a oferta dos serviços. Além de problemas históricos, estruturais, que exigem medidas complexas e inevitáveis.

São mudanças essenciais que vão da qualidade ofertada ao passageiro à forma de contratação e operação do serviço, revisão da lógica do custeio e dos mecanismos de investimento no setor, entre outros, de modo a reposicionar os modais públicos como elemento central da mobilidade urbana e mudar a forma como as pessoas se locomovem hoje nas cidades.

O desafio é enorme, até porque os problemas do transporte público não são de agora. Ninguém nega que a pandemia teve um efeito desastroso sobre o setor, mas também é consenso entre os órgãos e gestores do transporte público que a Covid-19 veio agravar uma situação que já era ruim, fruto de décadas de descaso e políticas equivocadas.

“A pandemia é uma situação grave, mas não é a essência dos problemas. Ela é uma casca de banana na frente de uma pessoa que está descendo uma ladeira e cheia de compras na mão. Não adianta falar que os problemas vão acabar depois da pandemia, porque não vão!”, afirmou o vice-presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Cláudio Frederico.

Há de se ter planejamento, olhar para o futuro, mas sem esquecer as medidas urgentes e imediatas para se evitar a falência do sistema. Para o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, o transporte público não se sustenta mais da forma como está. “É um momento de emergência. Estamos pagando uma conta que não é nossa. O transporte público não tem como continuar operando. Em Salvador, um consórcio de 800 ônibus entregou o serviço à prefeitura. A situação é desesperadora. É um colapso iminente”, completa.

Otávio Cunha pontua que a responsabilidade é conjunta e os governos dos estados e municípios devem oferecer transporte à população de forma adequada e segura. “O Executivo terá que assumir contrapartidas para ajudar o setor a manter um sistema público de qualidade ao cidadão. A iniciativa privada não tem mais interesse em prestar esse serviço da forma como está. Há uma crise instalada há tempos. A pandemia só mostrou à sociedade toda a fragilidade do transporte público brasileiro”.

Os principais desafios do setor

Transparência na disponibilização de informações sobre o serviço.

Modelo de contratação do serviço ultrapassado, precisa evoluir para um novo modelo onde o poder concedente paga às empresas operadoras pelos serviços prestados de acordo com o custo real, independentemente da tarifa pública.

Priorização – estabelecer prioridade para o transporte público no espaço viário por meio de faixas exclusivas e corredores para ônibus, além de obras em terminais e paradas.

Custeio – cobrir os custos do serviço com outras fontes além da tarifa, como ocorre em outros países; o transporte individual pode ajudar a pagar o transporte coletivo.

Investimentos em melhorias do serviço e em infraestrutura urbana para o transporte público demandam recursos e linhas de crédito específicas; parcerias público-privadas podem ser uma opção.

Qualidade do serviço – estabelecer padrões de qualidade e medidas para tornar o serviço mais rápido, eficaz e satisfatório para o passageiro.

Comunicação e desenvolvimento social para dialogar com a sociedade e com o usuário do serviço, mostrando a importância do transporte público e seu potencial como instrumento de desenvolvimento social.

Manter os protocolos sanitários e medidas emergenciais para o setor até que o impacto da pandemia esteja superado.

(Fonte: Fonte: Guia “Como ter um Transporte Público Eficiente, Barato e com Qualidade na sua Cidade”, da ANTP)

*Trecho da matéria Futuro Incerto, publicada na Revista NTUrbano, Edição 48, páginas 19 a 25. Leia a matéria completa aqui.

Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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