A temática da mobilidade foi discutida na edição 2019 do Congresso Mundial de Transporte Público, promovido pela União Internacional de Transportes Públicos (UITP), em Estocolmo, na Suécia
É chegado o momento de dizer adeus ao que é velho e saudar o novo. Esse foi o sentimento que contagiou os 2.700 delegados inscritos e os 15 mil visitantes da feira que integrou a edição 2019 do Congresso Mundial de Transporte Público, promovido pela União Internacional de Transportes Públicos (UITP) entre os dias 9 e 12 de junho em Estocolmo, na Suécia.
O evento reúne, há 130 anos, entidades e profissionais do setor de todo o mundo para debater estratégias para uma mobilidade urbana sustentável e inclui ainda uma exposição com inovações, soluções e produtos que são tendência — somente este ano, 470 expositores participaram. Estiveram representados cerca de 45 países.
O presidente da Divisão América Latina da União Internacional de Transportes Públicos (UITP), Jurandir Fernandes, comemora os resultados e, em entrevista à revista NTU Urbano, revela os frutos do evento, comenta sobre tendências e obstáculos do transporte público no Brasil e no mundo, e lança o desafio: revolucionar o modo de pensar e fazer mobilidade urbana.
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“De 10 anos para cá, os cidadãos retomaram a mobilidade antiga, com uso de bicicletas, o andar a pé, isso tudo é revolução de comportamento. Estamos vivendo um momento muito bom para a mobilidade urbana, ela está no centro dos debates políticos, então temos que aproveitar e colocar na mesa a pauta da mobilidade como serviço”, destaca Jurandir.
Quais os principais temas abordados no congresso e que balanço o senhor faz?
O mais importante do evento, que acontece a cada dois anos há mais de um século, é que ele teve alta participação nesta edição. Foi o maior que já tivemos, em um espaço amplo em Estocolmo e com grande adesão: foram milhares de participantes de cerca de 45 países. O congresso foi estabelecido em sessões técnicas, que se basearam em sete grandes eixos de discussão em torno de todas as tendências da mobilidade. Discutimos temas como excelência no atendimento ao cliente, planejamento e governança, inovação, novos talentos e novas habilidades do futuro, eficiência operacional e financiamento do setor. Foi extremamente positivo realizar um evento com uma abrangência tão grande.
E quais as principais tendências mundiais para a mobilidade urbana e o transporte público?
A novidade que está cada vez mais clara nos últimos anos é, na realidade, uma grande mudança de comportamento. O carro deixou de ser um objeto de desejo. As pessoas estão deixando de lado a vontade de possuir para poder compartilhar. Assim, a mobilidade deixa de ser algo ligado à posse para tornar-se um serviço. É a chamada Mobility as a Service (MaaS), que significa, literalmente, mobilidade como um serviço. Essa é a grande bandeira. Hoje sabemos que uma cidade do futuro, saudável, eficiente e com qualidade de vida é aquela em que podemos viver sem carro. Você não precisa ter um automóvel, e nem mesmo uma bicicleta. A economia do compartilhamento e a digitalização são as duas grandes ferramentas da mobilidade urbana atual. A mensagem mais forte que o congresso passa é que a mobilidade deixa de exigir uma propriedade e passa a ser vista como um serviço prestado. Aí vem a discussão: como esse serviço vai ser prestado?
Confira a entrevista na íntegra aqui.