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Mobsys e Areja Bus, startups participantes do Programa COLETIVO, da NTU, oferecem soluções eficientes para atender antigas necessidades do transporte público. A Mobsys – antiga On.I.Bus – é a startup que opera, em parceria com o GVBus, a plataforma de agendamento online de viagens do Serviço Mão na Roda

O setor de transporte urbano mostra melhores resultados quando soluções diferenciadas são oferecidas aos clientes, especialmente aquelas que fazem parte de indicadores relevantes de qualidade de serviço, como mais previsibilidade, flexibilidade e conforto nas viagens. E soluções para essas questões vêm sendo trabalhadas há dois anos pelas primeiras startups pré-incubadas pelo COLETIVO – Programa de Inovação em Mobilidade Urbana da NTU.

As startups selecionadas na primeira edição do Desafio do COLETIVO – Mobsys (cujo nome original era On.I.Bus), de Brasília (DF), e Areja Bus, de Salvador (BA) – completaram seu ciclo de desenvolvimento e estão com suas soluções disponíveis para o setor de mobilidade urbana. Com isso, o COLETIVO apresenta os primeiros resultados, concretizando a visão do programa, como explica Murilo Soares de Andrade Lara, membro do Conselho diretor e Conselheiro de Inovação da NTU.

“O principal ponto que nos ajuda bastante, como empresas tradicionais que somos, é engajar e capacitar o setor quanto a essas iniciativas de inovação. O setor precisava e ainda precisa muito se modificar e entrar nesse mundo digital, de novas tecnologias, e se aproveitar disso de maneira satisfatória”.

Nova solução de Transporte – Coletivo sob Demanda

Uma plataforma de mobilidade coletiva sob demanda, onde o passageiro pode escolher onde embarca e desembarca e o horário em que pretende usar o serviço, é o serviço oferecido pela Mobsys. Com a base de dados dos veículos disponíveis, a plataforma envia ao passageiro uma notificação da proximidade do veículo, evitando a espera no ponto que tanto prejudica a rotina dos usuários do transporte.

A solução surgiu da pesquisa de mestrado da sócia-fundadora Débora Canongia, em 2015, quando o país ainda não dispunha de serviços coletivos sob demanda. Após finalizar o mestrado na Universidade de Brasília, a pesquisadora decidiu transformar seu projeto de pesquisa em startup, aproveitando todo o aprendizado em mobilidade urbana. Com o conhecimento em tecnologia e dados e os parceiros Jamil Buzar e Milton Sampaio, a Mobsys, então On.I.Bus, iniciou suas atividades no final de 2017.

Pré-incubada pelo Programa COLETIVO, a Mobsys está operando um piloto em parceria com o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBUS) e vem participando de rodadas de apresentação para investidores. O projeto em Vitória teve início em agosto de 2020, com a digitalização das várias etapas do serviço, desde o cadastramento e habilitação até o agendamento e notificação de viagem do serviço “Mão na Roda”, exclusivo para passageiros com deficiência. A sócia-fundadora, Débora Canongia, comemora os resultados. “Neste período já realizamos mais de dois mil agendametos mensais e recebemos muitos feedbacks positivos, tanto dos mais de 600 passageiros atendidos, quanto das empresas operadoras, principalmente por facilitarmos o atendimento, tornando mais rápido o ato de solicitar ou cancelar uma solicitação de viagem, além de notificar via e-mail a empresa operadora e via e-mail e SMS o passageiro sempre que há alterações na viagem. No segundo semestre de 2021 vamos iniciar a fase 2 do piloto, implantando toda a estrutura de planejamento de viagens e rastreamento veicular, ampliando os benefícios da plataforma para passageiros e operadores”.

Ao relembrar a participação no COLETIVO, Débora destaca a importância do programa para as startups selecionadas. “A gente costuma dizer que o Programa COLETIVO foi o fôlego que nos faltava. Em 2019, quando fomos selecionados para o programa, estávamos desistindo do nosso sonho de lutar pelo fortalecimento do transporte coletivo. Afinal, naqueles dois anos não havíamos conseguido avançar com nenhuma empresa. Se temos um contrato-piloto, uma parceria e conseguimos um investimento-anjo, foi por termos participado do Programa COLETIVO. Somos eternamente gratos pela oportunidade”.

Tecnologia e redução de custos

A plataforma da Mobsys usa um modelo de agendamento das viagens por crowdsourcing, onde as solicitações de viagem são recebidas com antecedência. Com a demanda mapeada, é possível para o operador ter maior controle para a programação da frota, que pode ou não observar uma ocupação mínima veicular para confirmação da operação, além de minimizar custos e garantir o controle de ocupação e distanciamento dentro dos ônibus.

Os planos futuros para a startup são ousados e pretendem ir além da oferta do serviço sob demanda. “Queremos nos tornar o maior hub de serviços de mobilidade sob demanda do país, tendo como principal ator o transporte coletivo. Queremos ser a plataforma onde as empresas de transporte regular podem ofertar todos os seus serviços sob demanda e os passageiros podem consumir de qualquer lugar os serviços de qualquer empresa”, revela Canongia.

Além de conselheiro e um dos entusiastas do Programa COLETIVO, Murilo Lara também é CFO do Grupo Santa Zita e um dos clientes e investidores da Mobsys. Animado com os resultados da parceria, ele aponta as tendências de inovação que devem ser percebidas nos próximos anos.

“Vejo a mobilidade como serviço, que seria a integração dos modais de transporte dentro das cidades. Estamos buscando constantemente esse modelo, que nos permita liderar esse processo. Além disso, meios de pagamento que facilitem a jornada do usuário e o uso de tecnologias embarcadas, como as usadas para redução de custos e melhoria da nossa eficiência operacional. Também buscamos plataformas que nos ajudem a conectar nossas bases de dados, tanto operacional quanto de clientes”, explica.

Areja Bus: mais conforto térmico com inovação e simplicidade

A segunda startup pré-incubada no Programa COLETIVO, a Areja Bus, busca solucionar um problema antigo da mobilidade em cidades muito quentes: o desconforto térmico dentro dos veículos. E foi diante da sua experiência como usuário do transporte que o CEO da Areja Bus, Leonardo Santiago, decidiu usar o seu conhecimento em engenharia no Instituto Federal da Bahia (IFBA) para criar um sistema de ventilação inovador.

A Areja Bus criou um sistema híbrido de ventilação que renova o ar por meio de dois exaustores que ficam no teto do ônibus e venezianas que são encaixadas nas janelas. A partir do movimento do próprio veículo, o ar de fora é captado e faz funcionar todo o sistema, ativando os exaustores que trocam o ar quente de dentro do ônibus pelo ar novo. A tecnologia se mostra inovadora por ser baseada em conceitos de física e não depender da combustão do motor, o que minimiza o impacto ao meio ambiente e os custos de operação.

Segundo Leonardo Santiago, para mensurar o impacto do Areja Bus na temperatura foi realizado um teste que comparou dois veículos idênticos com e sem a tecnologia. Ao final do teste, a diferença média entre os dois ônibus foi de 2,1 graus. “Isso foi o suficiente para que 95% das pessoas que estavam no ônibus e responderam à pesquisa informarem que a temperatura estava boa ou excelente”, afirma.

Ao ser questionado sobre a concorrência com o ar-condicionado, ele também explica a diferença no impacto ambiental e de custos para os operadores. “O sistema impacta, no máximo, apenas 1% do consumo de combustível, enquanto o ar condicionado tradicional aumenta o consumo em 25%. Em relação aos custos, o valor de aquisição é cinco vezes menor do que o do ar-condicionado”.

Além dos benefícios para o meio ambiente e para a operação, o Areja Bus se mostra uma melhor opção também para a melhoria da qualidade do ar dentro dos ônibus, uma preocupação que se intensificou após a pandemia por Covid-19. Um ônibus sem o Areja Bus se manteve com um nível de CO2 acima de 1000 ppm (partes por milhão) em praticamente todos os dias de teste. Nos ônibus com o Areja Bus, essa proporção caiu para 532 ppm de CO2. Para efeito de comparação, a cidade de Salvador possui 410 ppm de CO2 em média ao ar livre.

Para o empresário e executivo de transportes Lucas Souza, que também apoiou o projeto, a Areja Bus chamou a atenção no desafio do Programa COLETIVO por ser uma alternativa que traz conforto térmico a uma fração dos custos de um ar-condicionado convencional. “Achamos a ideia genial e demos o apoio financeiro para construírem o produto para teste em um ônibus, disponibilizamos o veículo, fizemos as modificações necessárias na carroceria e ajudamos na instalação.

Com os testes, o executivo confirma que a percepção de motoristas e passageiros foi bastante positiva; mas ressalta a importância de mais testes para a solução demonstrar a sua capacidade de atendimento de uma frota ampla. “Nosso ônibus rodou alguns meses com o equipamento instalado, o que causou bastante curiosidade em alguns passageiros. Os motoristas entrevistados que rodaram no veículo disseram que sentiram maior conforto térmico no veículo (mais circulação de ar). Na minha avaliação, a solução precisa de mais testes em campo”, esclarece.

Agora, com o avanço do projeto, há a necessidade de investimentos para a produção em larga escala. “Atualmente, nós estamos em negociação com uma encarroçadora do mercado para captar investimento e levar o Areja Bus para o mercado. Já temos interesse de diversas empresas do Brasil e o que falta é esse investimento para viabilizar”, revela Leonardo Santigo.

SOBRE O COLETIVO

Lançado em 2019 pela NTU, o Programa COLETIVO foi criado para estimular o desenvolvimento e a inovação na mobilidade urbana, sendo o primeiro do gênero voltado para o transporte público coletivo. Tem como pilares a mobilidade sustentável nas cidades, o aumento da qualidade de vida e o desenvolvimento de pessoas e do setor. O COLETIVO está em seu segundo ano e vem apresentando crescimento no número de parceiros e resultados positivos para o aumento da inovação.

Já em sua terceira edição, o Desafio do COLETIVO abriu inscrições durante o mês de agosto para receber novas startups interessadas em serem pré-incubadas no hub de inovação. Esse suporte acontece durante seis meses e estimula o aprimoramento dos projetos de inovação em termos técnicos, comerciais e administrativos, entre outros.

Matéria publicada originalmente na Revista NTUrbano nº 52, página 26

Comunicação GVBus

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