Por Anderson Lopes*
Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis têm afetado a rotina da população. Nos supermercados e lojas de itens essenciais, os custos com transporte já refletem no valor final dos produtos, que estão mais caros. Nos deslocamentos pelas cidades, a alta em especial da gasolina, tem deixado muita gente a pé.
Isso porque quem usa carro todo dia já vê a conta ficar mais salgada no fim do mês. E quem opta pelo uso de aplicativos, têm relatado demora para conseguir uma corrida, que, aliás, também ficou mais cara. Outra queixa diz respeito aos cancelamentos de corridas aceitas.
Essas são situações registradas em reportagens divulgadas pela imprensa nas últimas semanas. Fatos que se repetem em várias cidades do Brasil, inclusive na Grande Vitória, em um ciclo vicioso sem perspectivas de melhoras no curto prazo.
Na contramão, segue o transporte coletivo, cujas tarifas se mantém estáveis durante todo o ano. Assim, para muitos cidadãos que precisam se deslocar percorrendo grandes distâncias diariamente, como é o caso de milhares de trabalhadores e estudantes, o ônibus é a única alternativa que cabe no bolso da maioria dessas pessoas.
Vejamos as vantagens do ônibus: o cliente paga a mesma tarifa em qualquer horário e destino, e nunca correrá o risco de ter a corrida cancelada, independente do trajeto, horário ou número de passageiros.
No caso do Transcol, há um diferencial em relação a outras regiões brasileiras. Com ele é possível se deslocar por vários pontos pagando apenas uma passagem. E o cliente conta com um sistema integrado de estrutura tronco-alimentadora, que interliga os cinco municípios da Região Metropolitana por meio de dez terminais urbanos.
Além disso, o ônibus também não escolhe passageiros e circula sempre, independente do custo da viagem, atendendo a todas as regiões e bairros, sem eleger rotas. E ainda podemos colocar nessa conta a importância para a economia e a geração de empregos diretos e indiretos.
Os coletivos também são mais sustentáveis, na medida em que são 8 vezes menos poluentes que os carros e 4 vezes menos poluentes que as motos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Além disso, ao mesmo tempo em que transportam mais pessoas, ocupam um espaço 21 vezes menor nas vias, se comparado aos carros.
Enquanto os preços dos combustíveis amargam altas sucessivas, as empresas de ônibus, representadas pelo Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus), em parceria com a Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), continuam trabalhando para que o transporte coletivo cumpra o papel que lhe é determinado pela Constituição Federal: o de ser um serviço essencial.
A elevação nos valores da gasolina e do diesel apenas reforçam que é o ônibus que atende plenamente a população, e, sendo indispensável, o transporte coletivo deve ter prioridade na formulação de políticas públicas para uma mobilidade urbana justa e inclusiva
* Anderson Lopes é empresário e membro do comitê executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus)
Este artigo foi originalmente publicado no jornal A Gazeta , em 02/09/2021