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Medidas assertivas do controle de tráfego de transporte individual e investimentos no transporte coletivo contribuem para desacelerar as emissões de gases nocivos ao meio ambiente e à saúde

O retorno às atividades presenciais começa a trazer de volta a rotina de horas a fio perdidas em congestionamentos nas grandes cidades brasileiras. E retomar os padrões pré-pandemia significa passar, em média, 1h20 do dia nos deslocamentos de ida e volta para as principais atividades cotidianas. A perda de tempo no trânsito pode chegar a 2h07, em média, para o cumprimento de todos os deslocamentos diários, o que representa quase 32 dias desperdiçados por ano em congestionamentos, segundo pesquisa da Ipsos com base no cenário anterior à Covid-19.

O custo com o congestionamento no país soma perdas estimadas em R$ 267 bilhões por ano. Mas a perda não é só financeira: esse tempo que passamos presos dentro dos carros não só nos torna mais improdutivos como também é responsável pelo aumento da poluição na atmosfera, além de problemas de saúde e acidentes. Ou seja, quanto mais carros nas ruas, mais poluição no planeta, mais vítimas do trânsito e menos qualidade de vida.

Historicamente o automóvel sempre esteve no centro do projeto de desenvolvimento urbano adotado pelas cidades brasileiras. O espaço público foi moldado para otimizar os deslocamentos feitos pelos carros, o que tornou a zona urbana hostil para as pessoas e o meio ambiente. “Na prática, as cidades não devem ser governadas procurando acomodar os automóveis nos espaços viários para que, supostamente, congestionamentos sejam evitados. Isso se demonstra socialmente injusto, ambientalmente insustentável e economicamente ineficiente”, destaca o coordenador de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), David Shiling Tsai.

A taxa de motorização no Brasil subiu constantemente nos últimos 20 anos, chegando a 47 automóveis para cada mil habitantes em 2020, segundo a plataforma MobiliDADOS. Esse aumento está diretamente relacionado com os acidentes e vítimas do trânsito: entre 2015 e 2019 foram registradas cerca de 30 mil mortes por ano no trânsito, de acordo com o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Poluição dos carros

A qualidade do ar que respiramos varia em função do ritmo das emissões dos poluentes e de condições naturais, como o clima e a topografia da região. No país, a poluição do ar é responsável por mais de 50 mil mortes anuais, de acordo com relatório de 2018 da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), sendo a maior causa ambiental de doenças e mortes prematuras no mundo. Nove em cada dez pessoas respiram ar poluído e contaminado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O consumo de combustível por veículos particulares é a principal fonte de poluição do ar nas cidades brasileiras. No Brasil, de acordo com estudo do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de 2015, a área de transportes respondia por 44% da queima de combustíveis fósseis; outro estudo, de 2016, demonstrou que 77% desse total era oriundo do transporte individual motorizado.

Essas emissões não somente influenciam na emergência climática, pelas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), como também afetam a saúde da população de diversas formas (desde o sistema respiratório até o reprodutor, passando pelo cardíaco), devido aos poluentes do ar local. Um fato alarmante a ser considerado é que as principais afetadas são as crianças, pela menor estatura, o que as deixam mais próximas dos canos de descarga.

Devido às medidas de afastamento causadas pela pandemia, a circulação de pessoas nos grandes centros foi reduzida e, com menos carros nas vias, a poluição provocada pelo setor de transportes também diminuiu. Em São Paulo, o Relatório Anual de Qualidade do Ar de 2020 feito pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou queda na concentração média anual de partículas inaláveis na Região Metropolitana. O índice recuou de 29 microgramas/m3 registrados nos últimos três anos para 27 microgramas/m3. Na China, durante o período crítico da pandemia, cerca de 50 mil vidas podem ter sido salvas com a paralisação de fábricas e a diminuição drástica do trânsito.

“A forma mais efetiva de reduzir as emissões é reduzindo a quantidade de veículos poluentes nas vias, em especial os motorizados individuais. Mas isso é um grande desafio, considerando que nossas cidades foram projetadas priorizando a circulação viária. Pensar em formas de reduzir os automóveis nas vias é também uma maneira de tornar o espaço viário mais democrático, além de todas as benesses ligadas à redução das emissões”, afirma a coordenadora de gestão da mobilidade do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), Lorena Freitas.

Algumas cidades e regiões metropolitanas do país já têm implantado algumas ações voltadas para o controle da emissão de gases na atmosfera. Ações de destaque ocorrem, inclusive, aqui na Grande Vitória.

Desde 2019 as empresas operadoras do Sistema Transcol, em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo, estão investindo na renovação da frota operante. De lá pra cá, já foram adquiridos 430 novos ônibus, sendo 18 deles articulados, todos com ar-condicionado e motores com tecnologia de tratamento de emissões. A previsão é de que até o final de 2022, outros 180 coletivos novos sejam adquiridos, sendo quatro deles elétricos.

“A ideia é testar o desenvolvimento desses veículos elétricos e, dando certo, estudar a possibilidade de estabelecer um cronograma de aquisição, de forma a atender o programa estadual de carbono zero”, explica o membro do comitê executivo do GVBus Anderson Lopes. Já o Serviço Especial Mão na Roda adquiriu 24 microônibus novos em 2020, já adaptados às novas leis de controle de emissões.

*Matéria completa foi originalmente publicada pela Revista NTUrbano, n° 54, páginas 42 a 46.

Foto: Institucional GVBus / Antônio Cosme

Comunicação GVBus

Autor Comunicação GVBus

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