A Associação Brasileira de Normas Técnicas define que a renovação de ar nos coletivos deve ser de pelo menos 20 vezes o volume interno do veículo por hora. Os ônibus da encarroçadora Caio Induscar funcionam em 33% a mais do que o número estabelecido
A renovação de ar é extremamente importante em todos os ambientes, principalmente em tempos de pandemia e combate à covid-19. Estudos científicos demonstram que em ambientes ventilados, com fluxo de ar constante, a eliminação de gotículas contaminadas por vírus ou bactérias é facilitada, o que reduz expressivamente o risco de contaminação das pessoas. E os ônibus urbanos já são ambientes bem ventilados: segundo a norma ABNT NBR 15570, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que dispõe sobre os requisitos mínimos para os veículos do transporte público coletivo urbano de passageiros, a renovação de ar em um ônibus deve ser de pelo menos 20 vezes o volume interno do veículo por hora. Na prática, os fabricantes superam essa marca.
A quantidade mínima de dispositivos para garantir a renovação do ar no interior do ônibus varia segundo a classe de veículo, sendo um dispositivo de tomada de ar forçada (ventilador) para microônibus, três para ônibus básico, até chegar a sete para os veículos biarticulados. Já os dispositivos de tomadas de ar natural (cúpulas), que permitem a circulação natural permanente de ar no veículo, variam de no mínimo duas para ônibus básico até três para ônibus biarticulados. Os equipamentos de tomada de ar natural e forçada devem ter a localização distribuída ao longo do teto de maneira uniforme. E os dispositivos de ventilação também devem estar protegidos para possibilitar a utilização em dias chuvosos.
Ainda segundo a norma, os veículos equipados com sistema de ar-condicionado devem garantir uma temperatura interna máxima de 22 °C. Quando a temperatura externa for superior a 30°C, o sistema deve garantir que a diferença entre as temperaturas externa e interna seja de 8°C no mínimo. A taxa de renovação do ar mínima deve ser de 8 m3 por pessoa por hora, sendo recomendável 13 m³ por pessoa por hora.
Ventilação nos ônibus
Segundo cálculos da encarroçadora Caio Induscar, o ambiente interno dos ônibus da marca possuem elevada taxa de renovação do ar. Considerando apenas os exaustores e ventiladores, a ventilação supera em 33% as metas estabelecidas na norma da ABNT e é 63% maior do que o estabelecido para locais fechados como escritórios, bancos e supermercados. Isso, sem considerar outros elementos, como janelas, alçapões, sistemas de ar condicionado e tomadas de ar naturais.
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Uma troca bem maior do que em ambientes fechados, o que auxilia na dissipação das microgotas emitidas em conversas, por exemplo, proporcionando um ambiente mais seguro e limpo. Isso significa que o transporte coletivo já é um dos ambientes públicos mais seguros que existem do ponto de vista sanitário. “Nosso objetivo principal é buscar ferramentas mais acessíveis para que nossos clientes possam dar tranquilidade aos passageiros e eles possam voltar ao sistema de transporte”, afirma o diretor industrial da Caio e Busscar, Maurício Cunha.
Estudo recente realizado pela fabricante de carrocerias Marcopolo, em parceria com a Universidade de Caxias do Sul, também demonstrou o alto nível de renovação de ar no interior dos veículos da marca. Todos os ônibus produzidos pela empresa obtiveram desempenho acima dos padrões exigidos pelas normas, além de estarem alinhados com as recomendações para renovação de ar em sistemas de ar-condicionado da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados obtidos revelaram que as carrocerias da empresa proporcionam uma renovação de ar até 63% maior do que a vazão exigida em estabelecimentos como supermercados, agências bancárias ou saguão de aeroportos. “Chegamos à conclusão que todos os dispositivos que temos, desde o ar-condicionado, as tomadas de ar no teto e ventiladores geram uma renovação de ar bastante interessante. Em média, todo o volume de ar de um ônibus é renovado através desses sistemas em menos de três minutos. Ou seja, é como se a cada três minutos todo o ar que estivesse ali fosse constantemente renovado. Quando o veículo está em movimento essa renovação aumenta ainda mais”, detalha o diretor de Engenharia da Marcopolo, Luciano Resner.
Outras soluções
A Marcopolo também desenvolveu materiais antimicrobianos para a proteção no contato dos passageiros nos pega-mão, poltronas e corrimões dos ônibus. Segundo os estudos produzidos em parceria com a Universidade de Caxias do Sul, o vírus é imediatamente morto em contato com o plástico ou tecido tratado com esse material antimicrobiano. Outra tecnologia desenvolvida foi a luz ultravioleta no ar condicionado, que faz com que todo o ar que passe por ali receba irradiação ultravioleta, eliminando qualquer vírus ou bactéria.
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Todas essas tecnologias estão disponíveis para os ônibus rodoviários e do transporte coletivo urbano visando garantir maior segurança aos passageiros, como explica Resner. “É todo um pacote no qual a gente acredita. Os testes comprobatórios no laboratório de microbiologia da Universidade só mostram que essas soluções são muito eficientes para combater a covid-19 e também qualquer bactéria que exista nessas superfícies”.
A Caio, aliada à Chroma-Líquido Tecidos Tecnológicos, revestiu poltronas, pega-mãos e balaústres de um ônibus da marca com tecido em fio de poliamida Amni® Virus-Bac OFF, desenvolvido pela Rhodia, o qual possui ação antibacteriana e antiviral com eficiência permanente. Segundo as empresas desenvolvedoras do fio e do tecido tecnológico, após a realização de vários testes internos o material tem se mostrado eficiente na ação contra vírus envelopados, classificação aplicável para o coronavírus e o influenza, por exemplo. Além disso, o material é agradável ao toque e possui conforto térmico, mantendo o padrão de qualidade.
“Tanto na Caio quanto na Busscar há um trabalho intenso feito pela nossa equipe para criação de matérias primas e equipamentos que possam trazer maior segurança para o motorista e cobrador e, principalmente para os passageiros, que são o motivo para a existência do transporte”, conclui Maurício Cunha.
A matéria foi originalmente publicada na Revista NTUrbano, edição 45, de maio/junho.